Quando falamos de professor ou de instrutor de segunda língua, estamos nos referindo a uma pessoa que saiba funcionar como agente disseminador da língua e da cultura que desejamos assimilar e que, consciente do que necessitamos, saiba nos ajudar a desenvolver essa habilidade.
São três os aspectos que definem a qualificação de um instrutor, os quais se complementam e devem ocorrer simultaneamente.
- Competência na língua e na cultura: A primeira e fundamental condição de um um bom professor/instrutor de língua estrangeira é que fale muito bem o idioma, com fluência e naturalidade e que tenha plena familiaridade com a cultura estrangeira — nativo, de preferência. No caso do inglês, se não for um nativo, deve ter no mínimo 1 ano e meio ou 2 de experiência em país de língua inglesa e proficiência equivalente a TOEFL iBT 100+. Pronúncia, ritmo e entonação corretos bem como propriedade idiomática são fundamentais para não transferir desvios ao aluno.
- Características de personalidade: Além de plena competência linguística e cultural, existem certas características de personalidade e habilidades no plano psicológico que são decisivas. O bom instrutor é normalmente descontraído, alegre, tem bom senso de humor, facilidade de relacionamento e sensibilidade para saber lidar com pessoas com diferentes graus de autoconfiança. Não é aquele que ostenta seu conhecimento linguístico e corrige o aprendiz; é aquele que desenvolve autoestima e autoconfiança no aprendiz. É aquele que desempenha um papel de facilitador, colocando-se num plano de igualdade e não de superioridade. É aquele que explora o plano afetivo e empatiza com o aprendiz.
O bom instrutor é aquele que, ao perceber a realidade pela ótica do aprendiz, identifica, analisa e explica diferenças culturais. É aquele que se solidariza e se projeta dentro do aprendiz; que, em vez de livros e áudios, explora os pensamentos do aprendiz, seus interesses, seus valores e suas verdades, mesmo os mais íntimos, e ajuda o aprendiz a traduzi-los em linguagem precisa, correta e elegante. É aquele que se interessa mais pelo conteúdo da mensagem que o aprendiz tenta lhe transmitir do que nos desvios da linguagem utilizada. É aquele que apresenta a língua estrangeira na sua finalidade prática como meio de expressão, servindo ao aprendiz, e não levando-o a dobrar-se às regras e irregularidades da língua.
Tais habilidades muitas vezes fazem parte da natureza da pessoa, mas podem também ser desenvolvidas. Os aspectos psicológicos na relação ensino-aprendizado deveriam ser estudados e as respectivas habilidades treinadas, embora seja uma área pouco estudada e mesmo negligenciada pela maioria dos cursos universitários formadores de professores de línguas.
- Qualificação acadêmica: É indispensável que o instrutor tenha clara consciência dos conceitos de language learning (estudo formal) e language acquisition (assimilação natural) e desejável também que tenha conhecimentos de psicologia educacional, linguística comparada, diferentes métodos de ensino de línguas, fonologia e alguma experiência como instrutor.
Estes três aspectos da qualificação de um professor de línguas são os que norteiam nossos critérios de seleção e recrutamento.