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Sotaque estrangeiro – é um problema?

Ricardo E. Schütz
Atualizado em 12 de fevereiro de 2020

Garranchos e letra de médico estão para o texto datilografado, assim como sotaque estrangeiro está para a pronúncia nativa.

Messy writing and doctor’s scribbles are a poor representation of written language in the same way that foreign accent is an imperfect performance of native speech.


Inicialmente, precisamos definir claramente o termo: Sotaque aqui não se refere a diferenças dialetais dentro de um mesmo idioma (ex: dialeto gaúcho, carioca, baiano). Sotaque, aqui, se refere à pronúncia imperfeita de um indivíduo, ao falar uma língua estrangeira, devido à transferência que ele faz de hábitos fonéticos da língua materna para a outra língua. É o que em inglês se diz foreign accent.

Em princípio, não há problema em falar uma segunda língua com sotaque da língua materna, desde que esse sotaque não comprometa o entendimento da mensagem. Sotaque normalmente ocorre quando o aprendizado se dá longe de ambientes autênticos da língua e da cultura estrangeira. Ocorre também quando o aprendizado se inicia tardiamente, já na idade adulta. E desvios de pronúncia normalmente vêm acompanhados de pobreza idiomática, vocabulário limitado, consciência cultural limitada, etc. É verdade que falar com sotaque é muito melhor do que não falar. Entretanto, assim como há pessoas que se contentam com o mediano suficiente, há pessoas que se esmeram por alcançar o melhor para desfrutar de um melhor entrosamento e mais fácil aceitação social no convívio com estrangeiros.


Na infância

Por outro lado, quando se trata de ensino/aprendizado de inglês na infância, a preocupação com sotaque e outros desvios é mais séria.

Em primeiro lugar, temos que considerar que só a criança, até a idade crítica de cerca de 12 anos, tem a capacidade de assimilar facilmente e plenamente a matriz fonológica de uma segunda língua, ou seja, sem interferência da língua materna.

Pesquisa conduzida por Burt, Dulay e Krashen em 1982, mostra que, em um ano de imersão:

Critical age chart

O presente e o futuro

Em segundo lugar, considerando que o analfabetismo já foi comum e ainda aceitável até a primeira metade do século passado, que monolinguismo é aceitável ainda hoje mas sujeito a se tornar inaceitável em breve, pode-se inferir facilmente as exigências das próximas décadas. Se hoje, para nós, o importante é falar inglês, com ou sem sotaque, daqui a 2 décadas, quando nossos filhos estiverem no auge de suas vidas e carreiras profissionais, certamente os desafios serão maiores.

Portanto, seria um desperdício não permitir que a criança realize em tempo esse potencial de que dispõe e que depois da idade crítica estará perdido. É também grande a responsabilidade ao se colocar crianças em clubes, cursinhos ou escolas que oferecem aulas de inglês com instrutores cujo modelo de performance não seja equivalente a um nativo. Sotaque e outros desvios que normalmente caracterizam aquele que não é nativo serão transferidos à criança, causando a internalização dos mesmos e podendo se transformar em danos irreversíveis. Seria como colocar a gema bruta nas mãos de um lapidador aprendiz.

   German Coast Guard — a importância de uma pronúncia sem sotaque estrangeiro

Veja também: Existe algum problema em ter sotaque?

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Schütz, Ricardo E. "Sotaque – é um problema?" English Made in Brazil <https://www.sk.com.br/sk-sotaque.html>. Online (data do acesso).